LINGUAGEM MÉDICA
 

COLABAR


        Embora seja um termo muito conhecido e utilizado em linguagem médica, o verbo colabar não se encontra na maioria dos dicionários, inclusive no Vocabulário Ortográfico da Academia Brasileira de Letras. Encontramos o seu registro no dicionário Houaiss (1)), no  iDicionário  Aulete on line  (2) e no dicionário de Francisco Borba (3),   Segundo Houaiss colabar provém do verbo latino  colabo, are, que tem o sentido de desabar, cair, balançar, e tomou, em português a acepção  equivalente a “provocar ou sofrer aluimento (um órgão ou estrutura de um órgão”). Aluir, por sua vez, tem o sentido de abalar, de tirar a firmeza, fazer vir abaixo, abater,desabar, arruinar.
        O iDicionário de Aulete  dá ao verbo colabar a acepção de arruinar, prejudicar, e cita  como exemplo “pulmão colabado
        O dicionário de Borba é o único que define colabar como perda do lúmen de uma estrutura tubular por justaposição das paredes;
        Em diversos sites da internet aparece o verbo colabar e seus derivados em conexão com o pulmão e como sinônimo de pneumotórax.
        Na literatura médica brasileira o verbo colabar é empregado de modo abrangente, referindo-se, não somente ao pulmão, como aos vasos sanguíneos e estruturas tubulares de modo geral. Exemplos:
        1. “... Desta forma, o pulmão colabado se expandirá...”(4)]
.       2. “...como desvantagens da opção das veias periféricas citaremos o fato de elas poderem colabar...” (5)
.       3 . “...tomando-se o cuidado, ao fazer a tensão do nó, para não colabar a luz do cateter...”(6)
        Cotejando-se os verbetes dos poucos dicionários que registram colabar, com o  significado que se lhe atribui como termo médico, verifica-se que os citados verbetes não satisfazem: “Aluir”, “abalar”, “arruinar”, “desabar”, não equivalem ao verbo colabar como termo médico O verbo mais próximo de colabar é colapsar,  derivado de colapso + sufixo ar. Uma das acepções de colapso é a de “estado anormal em que as paredes de um órgão, normalmente afastadas, entram em contato” (7).
 
 

Referências bibliográficas




1. HOUAISS, Antônio, VILLAR, Mauro de Salles – Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001
2. IPAD DICIONÁRIO AULETE. INTERNET. Disponível em http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital  Acesso em 23/07/2011
3. BORBA, F.S. – Dicionário de usos do português do Brasil. São Paulo, Editora Ática, 2002.
4. SIMONETTI,  J L. OLIVEIRA FILHO, A.G. ,  MARCHIORI Jr.,M.F. Hérnia diafragmática encarcerada (Universidade Estadual de Campinas)
    Internet: http://www.hospvirt.org.br acessado em 23/07/2011.
5. AMAR, M., MIRANDA, F.Tecnicas intravenosas no adulto. Rev. Soc. Cardiol. Estado de São Paulo, 1998, 4
6. OLIVEIRA, A.A. LÁZARO DA SILVA . Contribuição técnica à colangiografia intraoperatória .Rev. Bras. Med., junho 1999.
7. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da l´´ingua portuguesa, 3.ed. Curitiba, Ed. Positivo, 2004.
 
 

Joffre M de Rezende
Prof. Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás
Da Sociedade Brasileira de História da Medicina
e-mail: pedro@jmrezende.com.br
http://www.jmrezende.com.br