DISTORÇÃO, DESTORÇÃO
Muito embora os prefixos
dis-e
des-
sejam ambos oriundos do prefixo latino
dis-, não é
indiferente o emprego de um ou de outro na formação de palavras
em português.
O prefixo dis-,
de origem latina, não deve ser confundido com o seu homônimo
derivado do grego
dys-, que denota dificuldade, mau funcionamento,
e é comumente utilizado na formação de termos médicos
como disfagia, disritmia, discinesia, dispnéia, disúria,
etc.
O significado da palavra
em português pode modificar-se conforme o prefixo empregado seja
dis-
ou des-, como no caso de dispensa e despensa, distrato
e destrato, discriminar e descriminar, dissecar e dessecar.
O mesmo se verifica em relação
às palavras distorção e destorção.
Conforme ensinam os léxicos,
distorção
é
o ato de distorcer, de deformar o sentido, a imagem ou o som, de desvirtuar,
de alterar a realidade, de mudar a versão de um fato. Como termo
técnico é comumente usado em óptica, audiometria e
métodos de obtenção de imagens.
Destorção
é
o ato de destorcer, de desfazer uma torção, de retornar ao
lado oposto, de dar voltas em sentido contrário.
Assim sendo, é incorreto
falar em distorção de alças intestinais.
No tratamento conservador
do volvo da sigmóide, por exemplo, usa-se o método de desfazer
a torção por via endoscópica após o esvaziamento
da alça distendida, método este por vezes referido como distorção,
como
nos exemplos seguintes:
"O uso da distorção
endoscópica"..."quando bem indicado, proporciona a transformação
de patologia cirúrgica de urgência em procedimento eletivo".[1]
"Indica-se a distorção
endoscópica para todos os casos de volvo de sigmóide sem
suspeita de sofrimento intestinal".[2]
Nestes casos trata-se de
destorção
e
não de distorção.
Referências bibliográficas
1. CARLOS MAGNO, J.C. - Vólvulo do sigmóide:
abordagem, diagnóstico e terapêutica. Rev. Bras. Cir.75:143-149.
1985.
2. SILVA, F.P., HATANAKA, M. - Volvo sigmóide:
estudo de 52 casos. Rev. Col. Bras. Cir.18:247-251, 1991