Vemos com frequência
nos programas de Congressos médicos o emprego da palavra programação
em lugar programa. Embora considerados sinônimos, a rigor não
o são. Somente dois dicionários admitem a sinonímia,
talvez movidos pela convicção de que se trata de um fato
da língua irreversível e consolidado. São eles o Houaiss
(1) e o dicionário de Francisco Borba (2).
Programa provém do
grego prógramma, com passagem pelo latim programma com o sentido
de publicação escrita ou impressa. Aurélio define
programa como um “escrito ou publicação em que se anunciam
e/ou descrevem os pormenores de um espetáculo, festa ou cerimônia,
das condições dum concurso, etc”(3). Acrescentaria nesta
lista as reuniões para apresentação e discussão
de temas científicos como congressos, jornadas, simpósios,
seminários.
Programação
formou-se com o verbo programar mais o sufixo nominal –ção,
que indica ação ou o resultado da ação. Programar
é elaborar, estabelecer um programa. Programa é o resultado,
o produto da programação feita previamente por alguém
ou, mais comumente, por uma Comissão responsável pela organização
do evento.
A programação,
no caso dos congressos médicos, antecede de muito o congresso e
demanda tempo para os preparativos do evento, como data, convites aos participantes,
escolha dos temas oficiais, modo de apresentação, duração
das sessões e outros pormenores. Uma vez tomadas todas as decisões,
então sim, é impresso o programa, tanto da parte científica,
como da parte social do evento.
Em Informática, a
distinção entre programa e programação é
muito clara, como se depreende da leitura de sites em que são oferecidos
programas para programação em computador.
Em sentido mais amplo emprega-se
programação para anunciar um conjunto de programas a serem
apresentados em cinema, teatro, rádio ou televisão E também
como sinônimo de planejamento de cursos ou de realizações
a serem cumpridas em qualquer empreendimento.
Para espetáculos
e reuniões científicas e sociais de qualquer natureza previamente
programadas deve-se usar programa e não programação.
Referências
1. HOUAISS, Antônio; VILLAR, Mauro de Salles – Dicionário
Houaiss da língua
portuguesa.
Rio de Janeiro, Objetiva, 2001
2. BORBA, Francisco S. – Dicionário de usos do português
do Brasil. São Paulo, Editora Ática, 2002
3. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário
Aurélio da l´´ingua portuguesa, 3.ed. Curitiba, Ed.
Positivo, 2004.
Joffre M de Rezende
Prof. Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal
de Goiás
Da Sociedade Brasileira de História da Medicina
e-mail: jmrezende@cultura.com.br
http:www.jmrezende.com.br