AMPOLA E EMPOLA
Ampola
provém do latim ampulla, primitivamente "pequena redoma
onde se guardava óleo para o banho". Também "vaso de perfume",
"frasco pequeno".[1] A ampulla se caracterizava
por apresentar a parte média do frasco bojuda e o colo longo e estreito.
A palavra latina formou-se
a partir do grego, como um diminutivo de
amphora, que se
pronunciava ampora no latim vulgar.[2]
A ampola de vidro como forma
de veicular medicamento injetável foi inventada em 1886 por um tcheco,
A.F.Pel, e divulgada no ano seguinte por um farmacêutico francês
de nome Stanislas Limousin, que usou a denominação de ampoule
em francês.[3]
Como termo médico,
no entanto, ampoule já era empregado desde o século
XIII com o sentido de bolha, para designar dilatações sacciformes
sob a pele, em alusão à semelhança com a ampulla
romana.[4]
O termo foi também
introduzido em anatomia e sacramentado pela PNA (Parisiensia Nomina
Anatomica) para nomear expansões de estruturas tubulares como
a ampola retal, ampola tubária, ampola de Vater, etc.
Paralelamente à ampola,
surgiu em nosso idioma a variante empola.
Segundo Aires da Mata Machado
Filho, an e en tendem de permutar-se muitas vezes. Assim,
"anteado" ao lado de "enteado", "antraz" a par de "entraz".[5]
Empola
e o verbo
empolar
são de uso antigo em português e já aparecem no dicionário
de Moraes Silva, de 1813, que define empola como "bolha de ar ou
água, feita na pele".[6]
Plácido Barbosa considera
empola
a forma clássica vernácula significando vesícula de
serosidade formada na pele ou acepções análogas. Após
algumas citações, conclui: "Ampola é a forma sinônima,
erudita, e etimológica; mas o uso mais geral de empola para
designar a vesícula cutânea permite especializar o de ampola
para designar os pequenos recipientes de vidro destinados a guardar líquidos
esterilizados".[7]
Pedro Pinto deixa a critério
de cada um a opção entre ampola e empola, de vez que considera
ambos os termos sinônimos e equivalentes.[8]
Na nomenclatura dermatológica
atual das lesões elementares da pele, dá-se preferência
à bolha ou vesícula em lugar de empola.[9]
Na linguagem comum o verbo
empolar
e seus derivados são largamente utilizados, tanto em relação
às bolhas cutâneas, como no sentido de avolumar-se, criar
protuberâncias ou elevações, tornando a superfície
irregular.
Em sentido figurado, empolar
tem
ainda o sentido de tornar-se pomposo, bombástico. Denomina-se
estilo
empolado o estilo rebuscado, "cheio de palavras e pensamentos comuns
mal aplicados".[10]
Na linguagem médica,
a tendência atual é de empregar-se
ampola (com a) para
os recipientes de vidro contendo soluções injetáveis
e empola (com e) para as vesículas cutâneas e acepções
correlatas.
Referências bibliográficcas
1. SARAIVA, F.R.S. - Novíssimo Dicionario latino-português,
10. ed., Rio de Janeiro, Livraria Garnier, 1993.
2. MARCOVECCHIO, E.: Dizionario etimologico storico dei
termini medici, 1993.
3. COWEN, DL, HELFAN WH. Pharmacy. An illustrated history.1988,
p. 157
4. BLOCH, O., VON WARTBURG, W. - Dictionnaire étymologique
de la langue française, 7.ed. 1986.
5. MACHADO FILHO, A.M - Coleção "Escrever
Certo", vol. 3, 1941, p. 112.
6. MORAES SILVA, A: Dicionário da língua
portuguesa. Lisboa, 1813.
7. BARBOSA, P. Dicionário de terminologia médica
portuguesa, 1917.
8. PINTO, P. - Dicionário de termos farmacêuticos.,
1959, p.20-21
9. RABELLO, F.E., FRAGA, S. - Atlas de Dermatologia.
Fundamentos de Medicina Cutânea., 1970, p.3-12
10. MORAES SILVA, A.- Grande dicionário da língua
portuguesa, 10.ed., 1949-1959.
Publicado no livro Linguagem Médica, 4a. ed.,
Goiânia, Ed. Kelps, 2011.