LINGUAGEM MÉDICA
CÉRVIX, CÉRVICE
Em latim, pescoço
tanto era chamado de collum, i,
como de cervix, icis. Cervix
referia-se especialmente à face posterior ou nuca, donde cerviz em
português.
De cervix
derivam ainda o adjetivo cervical e o elemento de composição cervico, com o qual se formaram numerosos
compostos, como cervicobraquial, cervicoescapular,
cervicofacial .
Por analogia com o pescoço, ambos os
termos (collum e cervix)
passaram a designar a porção estreitada de um osso ou órgão. Na terminologia
médica, collum predominou sobre cervix, razão pela qual se diz hoje
colo do fêmur, colo do útero, colo da vesícula biliar etc.
Cervix
manteve-se na nomenclatura anatômica para designar o colo uterino. Primitivamente
cervix incluía também a vagina, tendo
sido Fallopius (1523-1563) quem restringiu o seu uso
ao colo uterino em seus limites anatômicos.[1] A
denominação de cervix uteri dada por Fallopius
foi adotada pela Nomina Anatomica e mantida na atual Terminologia
Anatomica.[2]
O genitivo uteri
(do útero) tornou-se dispensável em português e cervix
passou a ser sinônimo de colo uterino.
Alguns autores preferem a forma
vernácula cérvice a cérvix. Em
trabalhos indexados pela BIREME, escritos em português, predomina, entretanto, colo
uterino, em lugar de cérvix ou cérvice.
O vocábulo em grego correspondente
ao latim cervix é trákhelos,
com o qual se formaram diversos termos médicos, muitos deles relacionados
com o pescoço, enquanto outros se referem especificamente ao colo uterino. Ex.:
traquelismo (espasmo dos músculos do pescoço),
traquelodinia (dor no pescoço), traquelocifose (curvatura anormal da coluna
cervical), traquelotomia (incisão no colo
uterino), traqueloplastia (plástica cirúrgica
do colo uterino), traquelorrafia (sutura do
colo uterino).
Para designar a inflamação do colo
uterino usa-se cervicite, de preferência à traquelite.
Ao contrário de outras vozes latinas
semelhantes, como vertex e fornix, que são do gênero masculino, cervix, em latim, é feminino.[3]
Por esta razão é preferível a manutenção do gênero feminino
Referências
bibliográficas
1.
SKINNER, H. - The origin of medical terms,
2.ed., 1961, p.100
2. FEDERATIVE COMMITTEE ON
ANATOMICAL TERMINOLOGY - Terminologia anatomica. Stuttgart, Georg Thieme
Verlag, 1998.
3. SARAIVA,
F.R.S. - Novíssimo dicionário latino-português, 10.ed., 1993