COLHEITA E COLETA
Ambos os termos são usados com frequência em trabalhos científicos. Diz-se, por exemplo: "colheita de material para exame", "colheita de sangue", "colheita de urina". Diz-se também "coleta de dados", "coleta de amostras", "coleta de exemplares" (insetos, plantas, etc.).
São sinônimos? Podemos empregar indistintamente colheita e coleta?
Tanto um como o outro vocábulo provêm do particípio passado plural do verbo latino colligere, que deu origem, em português, aos verbos colher e coligir, o primeiro através do latim vulgar e o segundo por via erudita.
Coleta, entretanto, já existia como substantivo no latim clássico (collecta), significando tanto contribuição pecuniária, como reunião de várias coisas.[1] A partir de coleta formou-se o verbo coletar com sentido análogo aos dois já mencionados.
Colheita e coleta são, portanto, formas divergentes, isto é palavras diferentes oriundas da mesma palavra latina, no caso o verbo colligere.
As palavras divergentes quase sempre adquirem significado próprio com a evolução da língua. "Apesar da origem comum, tais formas não são geralmente sinônimas. A diferença de aspecto mórfico importa quase sempre distinção de sentido".[2]
Embora colheita e coleta possam equivaler-se em muitas situações, adquiriram ambos os termos significados próprios. Usa-se colheita tanto para expressar a safra agrícola de um determinado período, como o ato de colher ou a apanha desses produtos. Em um sentido mais genérico, colheita é tudo aquilo que se obtém, que se colhe. Coleta é usado com referência a impostos, arrecadações para obras beneficentes ou despesas comuns. Significa também o ato de recolher, sejam contribuições dadas espontaneamente como auxílio para um determinado fim, sejam objetos, correspondências, votos, etc.
No tocante à linguagem
médica colheita é usado de preferência quando
se colhe alguma coisa individualmente (colheita de sangue, colheita de
urina, etc.) e coleta quando se trata da obtenção
de material, dados, amostras ou informações de uma coletividade
ou de arquivos que os contenham.
Referências bibliográficas
1. SARAIVA, F.R.S. - Dicionario latino-português,
9.ed. Rio de Janeiro, Liv. Garnier, 1993.
2. COUTINHO, I.L. - Pontos de gramática histórica,
5.ed. Rio de Janeiro, Liv. Acadêmica, 1962, p. 235.