LINGUAGEM MÉDICA
 

CORONÁRIA E CORONARIANA

        Coronária, feminino de coronário, deriva do latim corona, coroa.
        O latim médico já usava coronarius, a, como adjetivo em algumas estruturas anatômicas, o que foi preservado na Nomina Anatomica (PNA): Sulcus coronarius, arteria coronaria, plexus coronarius etc.
        A substantivação de adjetivos em palavras contíguas é um fenômeno comum de linguagem (metonímia por contiguidade) e há numerosos exemplos na terminologia médica, como em tiróide, suprarrenal, mastóide etc. Quando tal fato ocorre pode surgir um novo adjetivo a partir do novo substantivo.
        Coronária, primitivamente um adjetivo, tornou-se também um substantivo, por elipse de artéria, dada a importância desta. De coronária, agora substantivo, formou-se o adjetivo coronariano(a), que torna mais claro o texto, já que coronária tem a dupla função de adjetivo e substantivo, enquanto coronariano(a) é somente adjetivo.
        Poderíamos comparar com tiróide, antes adjetivo de glândula (glândula tiróide) e que substantivou-se, passando a designar a própria glândula e dando origem ao adjetivo tiroidiano(a).
        Já no caso de suprarrenal, emprega-se a palavra tanto como substantivo como adjetivo. Dizemos insuficiência tiroidiana e insuficiência suprarrenal. O adjetivo correspondente à suprarrenal, que seria suprarrenálico, não é usado.
        Resumindo: insuficiência coronariana é uma expressão mais precisa do que insuficiência coronária, considerando o emprego corrente de coronária como substantivo. Contudo, o exemplo da suprarrenal faz admitir o emprego de coronária tanto como substantivo como adjetivo.
 


Publicado no livro Linguagem Médica, 4a. ed., Goiânia, Ed. Kelps, 2011.  

Joffre M de Rezende
Prof. Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás
e-mail: pedro@jmrezende.com.br
http://www.jmrezende.com.br