HISTÓRIA DA MEDICINA
POR QUE 18 DE OUTUBRO É O "DIA DOS MÉDICOS"
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O
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deste artigo foi publicado em 2009 no livro "À sombra do
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O dia 18 de outubro foi escolhido como "dia dos médicos" por ser
o dia consagrado pela Igreja a São Lucas. Como se sabe, Lucas foi
um dos quatro evangelistas do Novo Testamento. Seu evangelho é o
terceiro em ordem cronológica; os dois que o precederam foram escritos
pelos apóstolos Mateus e Marcos.
Lucas não conviveu pessoalmente com Jesus e por isso a sua narrativa
é baseada em depoimentos de pessoas que testemunharam a vida e a
morte de Jesus. Além do evangelho, é autor do "Ato dos Apóstolos",
que complementa o evangelho.
Segundo a tradição, São Lucas era médico, além
de pintor, músico e historiador, e teria estudado medicina em Antióquia.
Possuindo maior cultura que os outros evangelistas, seu evangelho utiliza
uma linguagem mais aprimorada que a dos outros evangelistas, o que revela
seu perfeito domínio do idioma grego. [1][2][3]
São Lucas não era hebreu e sim gentio, como era chamado todo
aquele que não professava a religião judaica. Não
há dados precisos sobre a vida de São Lucas. Segundo a tradição
era natural de Antióquia, cidade situada em território hoje
pertencente à Síria e que, na época, era um dos mais
importantes centros da civilização helênica na Ásia
Menor. Viveu no século I d.C., desconhecendo-se a data do seu nascimento,
assim como de sua morte.
Há incerteza, igualmente, sobre as circunstâncias de sua morte;
segundo alguns teria sido martirizado, vítima da perseguição
dos romanos ao cristianismo; segundo outros, morreu de morte natural em
idade avançada. Tampouco se sabe ao certo onde foi sepultado e onde
repousam seus restos mortais. Na versão mais provável e aceita
pela Igreja Católica, seus despojos encontram-se em Pádua,
na Itália, onde há um jazigo com o seu nome, que é
visitado pelos peregrinos [1].
Não há
provas documentais, porém há provas indiretas de sua condição
de médico. A principal delas nos foi legada por São Paulo,
na epístola aos colossenses, quando se refere a "Lucas, o amado
médico" (4.14). Foi grande amigo de São Paulo e, juntos,
difundiram os ensinamentos de Jesus entre os gentios.
Outra prova indireta da sua condição de médico consiste
na terminologia empregada por Lucas em seus escritos. Em certas passagens,
utiliza palavras que indicam sua familiaridade com a linguagem médica
de seu tempo. Este fato tem sido objeto de estudos críticos comparativos
entre os textos evangélicos de Mateus, Marcos e Lucas, e é
apontado como relevante na comprovação de que Lucas era realmente
médico. Dentre estes estudos, gostaríamos de citar o de Dircks,
[4] que contém um glossário das palavras de interesse médico
encontradas no Novo Testamento.
A vida de São Lucas, como evangelista e como médico,
foi tema de um romance histórico muito difundido, intitulado "Médico
de homens e de almas", de autoria da escritora Taylor Caldwell. Embora
se trate de uma obra de ficção, a mesma muito tem contribuído
para a consagração da personalidade e da obra de Sao Lucas.[5]
A escolha de São Lucas como patrono dos médicos nos países
que professam o cristianismo é bem antiga. Eurico Branco Ribeiro,
renomado professor de cirurgia e fundador do Sanatório São
Lucas, em São Paulo, é autor de uma obra fundamental sobre
o patrono dos médicos, em quatro volumes, totalizando 685 páginas,
fruto de investigações pessoais e rica fonte de informações
sobre São Lucas. Nesta obra, intitulada "Médico, pintor e
santo", o autor refere que, já em 1463, a Universidade de Pádua
iniciava o ano letivo em 18 de outubro, em homenagem a São Lucas,
proclamado patrono do "Colégio dos filósofos e dos médicos".[1]
A escolha de São Lucas como patrono dos médicos e do dia
18 de outubro como "dia dos médicos", é comum a muitos países,
dentre os quais Portugal, França, Espanha, Itália, Bélgica,
Polônia, Inglaterra, Argentina, Canadá e Estados Unidos.
No Brasil acha-se definitivamente consagrado o dia 18 de outubro como "dia
dos médicos".
Referências bibliográficas
1. RIBEIRO, E.B. – Médico,
pintor e santo. São Paulo, São Paulo Editora, 1970.
2. STERPELLONE, L. – Os santos e a medicina (trad.) São
Paulo, Paulus, 1998, p. 13-20.
3. FREY, E.F. – Saints in medical history. Clio Med.
14:35-70, 1979.
4. DIRCKS, J.H. – Scientific and medical terms and references
in the writings of St. Luke. Am. J. Dermatopathol. 5:491-499, 1983.
5. CALDWELL, T. – Médico de homens e de almas.(trad.).
31. ed. Rio de Janeiro, Ed. Record, 2002.
Joffre M de Rezende
Prof. Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal
de Goiás
Membro da Sociedade Brasileira de História
da Medicina
e-mail: pedro@jmrezende.com.br
http://www.jmrezende.com.br
26/03/2005