HISTÓRIA DA MEDICINA
 

DIÁRIO DE UM MÉDICO DO SÉCULO XIX:

DR. MALAQUIAS ANTÔNIO GONÇALVES

 

Joffre Marcondes de Rezende[1]

Lena Castello Branco Ferreira de Freitas.[2]

 

          Ao final do século XIX, os centros médicos mais importantes da Europa eram os da França, Alemanha e Inglaterra. Paris destacava-se como o centro de maior projeção internacional, para onde se dirigiam médicos do mundo inteiro em busca de novos conhecimentos e aprimoramento profissional. Malaquias Antônio Gonçalves foi um desses médicos.

         Natural de Brejo, estado do Maranhão, nasceu em 1846, filho de Domingos José Gonçalves e Torquata da Cunha e Silva Gonçalves. Nas extensas propriedades que possuía no vale do rio Parnaíba, o pai, fazendeiro e comerciante, produzia algodão que exportava para a Inglaterra.  No Brejo, mantinha botica e casa de comércio, de onde administrava seus negócios, inclusive barcaças que transportavam os produtos de suas fazendas até o porto do mar. Faleceu de mal súbito aos 39 anos; em seu inventário, estão relacionados os nomes de quase duas centenas de escravos[3]. Deixou 11 filhos, dentre os quais Malaquias, à época com três anos de idade.

A viúva, D. Torquata, assumiu a administração dos bens deixados pelo marido e cuidou de educar a numerosa família. As filhas tiveram preceptores vindos da Corte; os filhos foram estudar nos grandes centros: José Antônio e Segismundo freqüentaram a Academia de Direito do Recife; Malaquias graduou-se em 1868 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde também se doutorou[4].

O jovem médico fixou-se em Pernambuco, passando a atuar no Real Hospital Português de Beneficência (Hospital Português) e no Hospital Pedro II. Contraiu núpcias com Joana, filha do português João José Rodrigues Mendes, Barão de Rodrigues Mendes. Enriquecido no comércio de bacalhau, adquiriu ele o sítio da Ponte d’Uchoa, nos arredores do Recife. Reformou a casa existente e transformou-a em suntuosa vivenda, onde se realizou a festa de casamento de Malaquias e Joana, que ali vieram residir, bem como os filhos nascidos do casal. No solar da Ponte d´Uchoa foram instalados um consultório, onde Dr. Malaquias atendia sobretudo aos necessitados, bem como sua biblioteca, doada postumamente à Sociedade de Medicina de Pernambuco.

Rodrigues Mendes, durante muitos anos, exerceu o cargo de provedor do Real Hospital Português de Beneficência, encarando-o como instituição através da qual a colônia, domiciliada em Pernambuco, tinha o dever de prestar assistência integral aos seus compatriotas em situação adversa, quaisquer que fossem os motivos desta. Seu genro, o Dr. Malaquias, foi médico desse nosocômio enquanto residiu no Recife.

Amizade e admiração recíproca aproximavam sogro e genro, que partilhavam idéias avançadas para a época, como a da separação entre igreja e estado. Malaquias filiou-se à Maçonaria e, juntamente com seu irmão, Segismundo, ingressou no Partido Liberal. Ambos seguiram carreira política: Segismundo foi deputado geral por Goiás, governador de Pernambuco e senador da República. Malaquias elegeu-se deputado provincial e deputado federal por Pernambuco.

Durante a segunda metade do século XIX, a cirurgia deixa de ser mera arte manual e passa a abranger horizontes mais amplos. O cirurgião, até então visto como profissional menor, não é mais o “skilled handscrafman”, na expressão de Lorde Treves, para quem o cirurgião deveria ter “coragem, força muscular, firmeza manual, sutileza de vista e vastos conhecimentos”. 

Malaquias Antônio Gonçalves inclinou-se, inicialmente, para o exercício da medicina: foi interno de clínica médica e escolheu para sua dissertação o tema: Do diagnóstico e tratamento das moléstias dos orifícios esquerdos do coração. No exercício da profissão, contudo, optou pela cirurgia, tornando-se igualmente cultor das letras cirúrgicas, como se evidencia na tese que apresentou à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro: “Da influência do traumatismo da uretra sobre o organismo”.

Nos anos compreendidos entre o final da guerra franco-prussiana e o início da Primeira Grande Guerra, vivia-se a chamada “belle epoque”. Em 1889 – ano da proclamação da República – teve lugar a Exposição Universal de Paris que, além de lembrar o centenário da Revolução Francesa, celebrava a pujança da indústria e a diversidade das civilizações. Nessa ocasião, foi inaugurada a Torre Eiffel, cuja arrojada estrutura em ferro simbolizava os avanços da técnica. Nesse mesmo ano, seguiu para a Europa o Barão de Rodrigues Mendes, acompanhado do genro Malaquias e família. A viagem prolongou-se por mais de dois anos: iniciou-se com a visita à Exposição Universal e estendeu-se por diversos países, inclusive Portugal, a terra ancestral.  

Ao final do périplo, Malaquias estagiou em Paris, Bordeaux e Londres, demorando-se mais tempo em Paris. No período de 13 de novembro de 1891 a 30 de abril de 1892, freqüentou vários hospitais, ouviu preleções de grandes mestres da cirurgia e presenciou 112 intervenções cirúrgicas. Suas anotações de próprio punho, sob a forma de um diário, preenchem 89 páginas manuscritas[5].

                                                

 



                                            Primeira página do diário de Malaquias Antônio Gonçalves, datada de

                                                                        13 de novembro de 1891

 

Na ocasião, a cirurgia já contava com duas grandes conquistas: a da anestesia geral e a da antissepsia, graças às quais pôde ampliar o seu campo de ação. A assepsia ainda era precária no tocante à esterilização dos instrumentos e à indumentária da equipe cirúrgica.

Malaquias estagiou no Hospital Saint Louis, sob a orientação de Péan e Championnière; no Hospital Necker, com Le Dentu e Guyon; no Hospital Broussais, com Reclus; no Hospital Charité, com Duplay e Delbet, além de ter visitado outros hospitais em Paris. Em Bordeaux esteve no Hospital Saint André e em Londres freqüentou o London Hospital, King's College e Middlesex Hospital. Em Lisboa conheceu o Hospital São José.

          O Quadro 1 mostra o número de intervenções a que assistiu, por Hospital, e o Quadro 2 por área de atuação do cirurgião. 


QUADRO 1

PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS  PRESENCIADOS PELO

DR. MALAQUIAS ANTONIO GONÇALVES NOS HOSPITAIS EUROPEUS

NO PERÍODO DE 13.11.1891 A 30.4.1892

 
Cidade Hospital  
No. de procedimentos
Paris  St. Louis
  27
 Necker
  26
 Broussais   14
 Charité   8
 Maison de Santé   7
 Lariboisière   5
 Hotel Dieu   3
 Lourcine-Pascal   3
 (Hospitais privados)
  2
Bordeaux   St. André
  6
Londres
 London Hospital
  6
 King's College  
  3
 Middlessex 
  1
Lisboa    
 S. José
  1

 

QUADRO 2

DISTRIBUIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS PRESENCIADOS PELO DR.

 MALAQUIAS ANTONIO GONÇALVES QUANTO À ÁREA DE ATUAÇÃO DO CIRURGIÃO

  Área de Atuação
No. de procedimentos
 Patologia externa  22
 Cirurgia abdominal  21
 Urologia  21
 Ginecologia  20
 Ortopedia  16
 Cirurgia plástica  7
 Otorrinolaringologia  2
 Proctologia
 2
 Trepanação craniana  1
 Total
 112
 

Seu depoimento é de inestimável valor, de vez que retrata com fidelidade a cirurgia que então se praticava nos Hospitais da França e que era considerada a mais avançada da época. Em seu diário, dá-nos uma viva imagem da cirurgia no final do século XIX. A fim de tornar a exposição mais atrativa, vamos reproduzir alguns trechos de seu diário (com a ortografia atualizada) e tecer sobre os mesmos breves comentários. 

Paris, 16.11.1891 - Hospital S. Luiz. Clínica do Dr. Lucas Championnière. Operação - ovarites dolorosas - Ovariotomia dupla - Fixação do útero em retroversão à parede anterior. A doente é cloroformizada e os cuidados anti-sépticos são regularmente empregados. O Dr. Championnière emprega um spray com uma solução de eucaliptol durante suas operações abdominais. A cloroformização é sempre acompanhada da inspiração de oxigênio em um grande balão de borracha. Esta doente sofreu um acidente de cloroformização, pelo que foi obrigado a fazer a respiração artificial.

O spray com eucaliptol é um sucedâneo do método de Lister, que usava aspersão de ácido fênico no campo operatório durante o ato cirúrgico. O clorofórmio era o anestésico mais empregado na época. Em todo o diário do Dr. Malaquias só há referência a duas anestesias pelo éter, ambas na Inglaterra. O acidente anestésico deve ter sido parada respiratória, já que a paciente sobreviveu. Outro aspecto a comentar é a facilidade com que se retiravam ambos os ovários de uma mulher, sem atentar para as consequências hormonais daí decorrentes. A histeropexia era uma constante nas operações ginecológicas.

Paris, 17.11.1891 - Hospital Necker. Clínica Cirúrgica do Prof. Le Dentu. Cancroide da face em uma mulher - Ablação - Anestesia pela cocaína - Incisão circunscrevendo a lesão, hemostasia, sutura, curativo anti-séptico. A injeção de cocaína não produziu o resultado desejado, porque a doente, que era uma mulher de certa idade, deu grandes gritos durante a operação. 

A anestesia local estava em seus primórdios e o cloridrato de cocaína foi o primeiro anestésico local a ser empregado. A ação anestésica da cocaína havia sido descoberta por Kolliker em 1884 e, nesse mesmo ano, Halsted obteve com sucesso o bloqueio de um nervo periférico pela cocaína. A cocaína foi substituída posteriormente pela procaína (novocaína), sintetizada por Einhorn em 1905.

Paris, 18.11.1891 - Hospital Necker. Clínica das vias urinárias do Prof. Guyon - Nefrotomia direita por pionefrose. O doente é cloroformizado e todos os cuidados anti-sépticos empregados com rigor. Lavagem rigorosa da região a sabão e líquidos anti-sépticos, envolvimento da doente com uma longa e larga compressa de gaze anti-séptica umedecida em sublimado corrosivo cobrindo a região a operar, tendo sido feita uma abertura na mesma para, através dela, trabalhar o cirurgião.

O sublimado corrosivo é o bicloreto de mercúrio, considerado na época o melhor germicida disponível. Utilizava-se em solução a 1:1.000 . É uma substância extremamente tóxica quando absorvida. A compressa com abertura central evoluiu para os campos fenestrados atuais.

            Paris, 19.11.1891 - Hospital Necker - Dr. Lucas Championnière - Pé torto paralítico - Extração do astrágalo e de um cuneiforme. Dr. Champonnière faz a extração do astrágalo, depois do cubóide e por último do 1º cuneiforme - faz a hemostasia, sutura a pele com crina de Florença, drena a ferida e termina empregando curativo anti-séptico com gaze iodoformizada e gaze com um pó composto de 1/4 de idodofórmio, quina, benjoim e carbonato de soda - mackintosh.

Crina de Florença é um fio de seda especial, que se utilizava na sutura da pele. O iodofórmio era usado como anti-séptico. O seu cheiro penetrante tornou-se uma das características marcantes dos hospitais e veio substituir o cheiro pútrido das feridas supuradas, comuns na era pré-pasteuriana. Na ausência de antibióticos, os antissépticos eram largamente utilizados.

 Paris, 20.11.1891 - Hospital Necker - Clínica do Dr. Le Dentu - Laparotomia. Enterectomia para oclusão intestinal. O Dr. Nelaton havia feito um ânus artificial ilíaco direito para remediar a situação. Praticada a laparotomia, o Prof. Le Dentu facilmente encontra a causa da oclusão intestinal, que era um tumor; então resolve imediatamente praticar a enterectomia.

Antes da descoberta dos raios-X, em 1895, e sua utilização em radiografias do trato digestivo, o diagnóstico de tumores intestinais só podia ser feito por laparotomia exploradora. Aparentemente tratava-se de um tumor de cólon esquerdo, visto que a paciente fora antes colostomizada à direita, e a enterectomia deve ser, na realidade, hemicolectomia esquerda. Não há relato sobre os resultados desta cirurgia, como, aliás, de nenhum outro caso.

 Paris, 21.11.1891 - Hospital São Luiz - Serviço do Prof. Péan - Incisão de um abscesso da fossa ilíaca interna - O Dr. Pean narra a história deste doente e passa a praticar a incisão. O Dr. Pean é partidário da incisão precoce com o fim de evitar os sérios perigos que correm os doentes sofrendo de abscessos ligados à peritiflite. O Dr. Péan incisa camada por camada até o peritônio alguns centímetros acima da arcada de Poupart. Saíu grande quantidade de pus fétido. O Dr. Péan introduz um tubo de drenagem e faz uma lavagem anti-séptica.

Abscessos ligados à peritiflite eram, na realidade, casos de apendicite supurada, que não era diagnosticada até então. A operação indicada consistia em simples drenagem; muitos pacientes morriam  e alguns casos evoluíam com fístula cecal. O papel do apêndice como sede inicial do processo inflamatório em tais casos foi demonstrado em 1886 pelo patologista Reginald Fitz, quem autopsiou mais de 500 casos nos Estados Unidos, porém só foi reconhecido nos países europeus no início do século XX.

Paris, 10.12.1891 - Hospital Necker - Clínica Cirúrgica do Prof. Championnière - Ressecção da cabeça do úmero esquerdo pelo processo de Malgaigne em um rapaz com uma fístula no braço por lesão tuberculosa... Faz sair a cabeça do úmero e a serra com a serra de Faraboeuf e termina a excisão com escopo e martelo. Faz a hemostasia da ferida e depois a antissepsia com solução de ácido fênico forte. Cauteriza a fístula com uma solução de cloreto de zinco a 10%... Curativo com gaze iodoformizada, saquinhos de gaze com pó anti-séptico, algodão escuro, algodão comum e atadura.

 A tuberculose óssea era comum, quase sempre secundária à tuberculose pulmonar. O ácido fênico é o mesmo ácido carbólico ou fenol, muito usado como antisséptico. O cloreto de zinco possui uma ação cáustica sobre os tecidos e era utilizado no tratamento tópico de lesões tuberculosas, razão pela qual foi empregado com o fim de promover o fechamento do trajeto fistuloso.

Paris, 12.12.1891 - Hospital Necker - Clínica de vias urinárias do Prof. Guyon. Sessão de litotrícia. Trata-se de um velho com a bexiga em más condições, em que o Prof. Guyon introduz o litotrictor de ramos curtos. Depois de muitas "prises"  passa a fazer a lavagem da bexiga introduzindo uma grossa sonda metálica. Repetiu muitas vezes a lavagem e aspiração. Depois da aspiração o Prof. Guyon lava de novo a bexiga com ácido bórico e com uma solução de nitrato de prata e deixa uma sonda em permanência. 

A litotrícia ou litotripsia, introduzida no século XIX na prática médica, representou um avanço no tratamento da litíase vesical, antes só tratada pela cistotomia ou talha, por via hipogástrica ou perineal. O nitrato de prata foi muito empregado por sua ação levemente cáustica e cicatrizante sempre que havia tecido de granulação em processos inflamatórios.

Paris, 16.1.1892 - Hospital S. Luiz. Clínica do Prof. Péan - Ressecção do maxilar superior direito por sarcoma. Não gostei desta operação, não só vi o Prof. Pean perder o seu sangue frio habitual como o processo não me pareceu aceitável. Ele abusa das pinças compressivas como meio de hemostasia preventiva. Elas prestam reais serviços, mas por isso não se deve empregá-las a torto e a direito. 

Péan destacava-se dentre os cirurgiões pelo pouco sangramento de suas operações, o que conseguia por meio de pinças hemostáticas que ele idealizara e mandara fabricar. O Dr. Malaquias demonstra, nesta passagem, o  seu espírito de observação e de crítica.

Dr. Malaquias teve ocasião de presenciar dois óbitos por acidente anestésico com clorofórmio, um no Hospital Necker dia 5 de abril de 1892 e o outro no Hospital Charité, três dias depois. Vejamos um deles.

Paris, 8.4.1892 - Hospital Charité - Clínica Cirúrgica do Prof. Duplay, substituído pelo chefe de Clínica, Dr. Delbet - Amputação de dedo da mão por necrose da falange por panarício. O doente é um homem forte, bem constituído. O doente é cloroformizado. O Dr. Delbet começava a antissepsia do campo operatório quando o doente torna-se cianótico e a respiração pára. Recorre-se imediatamente à respiração artificial e muitos outros meios são empregados, tais como flagelação, cauterização com água quente sobre o côncavo epigástrico, aplicação de eletricidade, injeções de éter, injeções de cafeína, mas tudo foi baldado e o resultado foi a morte do doente.

Os acidentes letais com o clorofórmio ocorriam quase sempre no período de indução anestésica, com anestesia ainda superficial. Sabemos hoje que o clorofórmio, em presença da adrenalina desencadeia fibrilação ventricular. O estado emocional do paciente ou a sensação de dor, antes que a anestesia se aprofunde, libera catecolaminas endógenas, que atuam do  mesmo modo que a adrenalina exógena. O clorofórmio foi posteriormente substituído por outros agentes anestésicos como o ciclopropano e o halotano.

Conforme mostra o Quadro 2, a maioria das operações registradas são de patologia externa, cirurgia abdominal, urologia, ginecologia e ortopedia. Chama a atenção o fato de não constar dentre as laparotomias nenhuma operação de estômago ou vesícula biliar, quando a gastrectomia já era praticada com sucesso na Austria por Billroth, desde 1881, e a colecistectomia na Alemanha desde 1882, por Langenbuch.  

 Voltando ao Brasil, Dr. Malaquias continuou a exercer suas atividades no Recife, tornando-se um cirurgião exímio e pioneiro da urologia em nosso País. Como resultado de suas observações e estudos no exterior, apresentou sugestões para a remodelação do Real Hospital Português de Beneficência, do qual o sogro era provedor. Novos pavilhões e enfermarias foram construídos e uma série de melhoramentos foi introduzida, levando à modernização desse nosocômio.   Nos últimos anos de sua vida, no exercício do mandato de deputado federal, Malaquias passou a residir no Rio de Janeiro, onde faleceu em 1908, aos 62 anos de idade.

 


RESUMO

 

Ao final do século XIX, os centros médicos mais importantes da Europa eram os da França, Alemanha e Inglaterra, para onde se dirigiam médicos do mundo inteiro em busca de novos conhecimentos e aprimoramento profissional. O brasileiro Malaquias Antônio Gonçalves estagiou em Paris, Bordeaux e Londres; no período de 13/11/1891 a 30/04/1892 freqüentou vários hospitais, ouviu preleções de grandes mestres da cirurgia e presenciou 112 intervenções cirúrgicas. No presente artigo, apresenta-se sua biografia e analisam-se suas anotações de próprio punho que, sob a forma de um diário, preenchem 89 páginas manuscritas.

Palavras-chave: CIRURGIA NO SÉCULO XIX, MEDICINA BRASILEIRA, HISTÓRIA DA MEDICINA.



    [1] Professor Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás.  Membro da Sociedade Brasileira de História da Medicina. Sócio Honorário do Instituto Histórico e Geográfico de   Goiás

    [2] Professora Titular aposentada da Universidade Federal de Goiás. Membro da Sociedade Brasileira de História da Medicina. Sócia Emérita do Instituto Histórico e Geográfico de Goiás.

    [3] Cópia do inventário post mortem de Domingos José Gonçalves.  Acervo particular da co-autora. Fazenda Santa Cruz, Trindade, GO.

    [4]  Os dados biográficos de Malaquias Antônio Gonçalves foram recolhidos da tradição oral, entre seus descendentes, e de MORAES, Octavio e Eurydice de. Roteiro do Barão de Rodrigues Mendes       Recife: Imprensa da Universidade Federal de Pernambuco, 1967.

[5] O documento foi cedido aos autores pelas Senhoras Luíza e Eth Gonçalves Castello Branco, netas do Dr. Malaquias Antônio Gonçalves, residentes no Rio de Janeiro, RJ.