O PRIMEIRO PERIÓDICO MÉDICO DO BRASIL
O primeiro periódico médico do
Brasil foi editado em São Luís do Maranhão e chamava-se "FOLHA MEDICINAL DO
MARANHÃO". Era de propriedade do médico Manoel Rodrigues de Oliveira, de
nacionalidade portuguesa, formado em Coimbra, e que emigrou para o Brasil em
1804. O primeiro número data de 10 de março de 1822, cinco meses após a chegada
da primeira tipografia no Maranhão que fora importada diretamente da Inglaterra
pelo Goernador da Província, Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca.
Neste número, o Dr. Oliveira
anunciava o seu propósito de "definir e descrever cada uma das principais
moléstias desta província, que mais a afligiam e a despovoavam e indicar os
métodos curativos".
A "Folha
Medicinal do Maranhão" teve duração efêmera. Foram publicados ao todo 14
números, o último dos quais em 10 de junho de 1822, sem que se cumprisse o
ambicioso projeto de seu fundador. Foi a mesma acerbamente criticada pelo padre
José Gonçalves Ferreira da Cruz Tezinho, em uma publicação satírica intitulada
"Palmatória Semanal", em virtude da pobreza de conteúdo do jornal, que pouco ou
nada continha de assuntos médicos.
Por não haver cumprido sua
finalidade, Lycurgo Santos Filho e outros historiadores da medicina brasileira
não consideram a "Folha Medicinal do Maranhão" como o primeiro periódico médico
brasileiro e sim o jornal fundado no Rio de Janeiro por José Francisco Xavier
Sigaud, em 1827. O jornal ostentava o extenso título de "O propagador das
sciencias médicas ou Anaes de medicina, cirurgia e pharmacia; para o Império do
Brasil e nações estrangeiras, seguidos de um boletim especialmente consagrado às
sciencias naturaies, zoologia, botânica etc, etc.
José Francisco Xavier Sigaud era
natural de Marselha, na França, nascido a 2 de dezembro de 1796. Formou-se em
medicina pela Faculdade de Strasbourg e emigrou para o Brasil em 1826, aqui
vivendo até 1856, quando faleceu.
No Brasil, Sigaud teve destacada atuação no meio médico do Rio de Janeiro, tendo
escrito vários trabalhos, dentre os quais se destaca o livro: "Du climat et des
maladies du Brésil ou statistique medicale de cet Empire", publicado na França
em 1844.
Foi um dos fundadores da
Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, depois transformada em Academia
Imperial de Medicina e que, após a proclamação da República, passou a chamar-se
Academia Nacional de Medicina.
Foi também o primeiro Diretor do Instituto dos Cegos, fundado por José Alves de
Azevedo, com o apoio do Ministro do Império, Visconde de Bom Retiro, e que deu
origem ao atual Instituto Benjamin Constant. Sigaud tinha uma filha cega, que
foi instruída por José Alves Azevedo, o que certamente o levou a interessar-se
pela Instituição recém-criada.
"O
Propagador das Sciencias Medicas..." reúne dois tomos, correspondentes aos anos
de 1827 e 1828, e contém artigos de outros médicos ilustres da época, como
Fidelis Martins Bastos, que escreveu sobre o uso do decocto de raízes da romeira
no tratamento das teníases.
Posteriormente, em 1831, em companhia de Fidelis Martins Bastos e J. M. Cambucy
Valle, Sigaud fundou outro periódico, intitulado Semanario de saúde
pública da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, cuja publicação foi
interrompida em 1833, para ser retomada em 1835, então sob o nome de Revista
Médica Fluminense.
Fontes consultadas
Publicado no Jornal Brasileiro de História da Medicina 1(1):3, 1998