FORMA FRUSTA DE UMA DOENÇA
Denomina-se forma frusta
de
uma doença aquela em que os sintomas são atenuados e o quadro
clínico se apresenta de modo incompleto.
Não se deve confundir
frusta
com frustra, feminino de frustro, o mesmo que
frustrado,
particípio do verbo frustrar, cujo sentido é o de
malograr, falhar, não obter o resultado esperado.
Frusto (sem o r)
tem sua origem no latim
frustum, que quer dizer pedaço, fragmento.
Os nossos léxicos
averbam pelo menos duas acepções para frusto(a):
1) Medalha ou escultura
cujos caracteres acham-se desgastados pelo tempo.
2) Forma benigna ou incompleta
de uma doença.
O Novo Aurélio
século XXI, [1] ao contrário da 2a. edição
do mesmo dicionário, [2] e de outros léxicos, [3-7] incorre
no equívoco de definir
frustro como termo médico,
em lugar de frusto, conforme se lê à página
946 do referido dicionário: "frustro [Der. regress. de frustrar.]
Adj
1.
V. frustrado. 2. Med. Diz-se da forma benigna ou incompleta de uma
doença."
Como termo utilizado em
numismática e arqueologia, teria sido empregado inicialmente em
italiano, razão pela qual os lexicógrafos dão o termo
como procedente do italiano. Como termo médico, entretanto, Francisco
de Castro, em sua clássica obra Tratado de Clínica Propedêutica,
[8] revela-nos a sua origem francesa.
Segundo Castro, foi Trousseau
o primeiro a dele fazer uso para indicar uma forma desfigurada da escarlatina,
a que chamou de fruste. Trousseau assim justificou o emprego desse
adjetivo:
"Sabem todos o que se entende em arqueologia por inscrição frusta: é aquela em que uma parte mais ou menos considerável se encontra apagada, da qual resta apenas uma linha, uma letra ou somente um ponto. Por comparação dizemos que as doenças podem ser frustas, isto é, o médico irá ler apenas uma palavra da frase sintomática e com esta palavra deverá reconstruir a frase completa, tal como o arqueólogo e o numismata descobrem a inscrição desfeita sob as letras que restam. O médico se compara ao arqueólogo; este, no início de seus estudos, tem necessidade de aprender a ler em medalhas bem conservadas, em pedras intactas; aquele necessita encontrar em uma doença que se lhe apresenta, todo o conjunto de sintomas que a caracteriza. Mais tarde, porém, do mesmo modo que o arqueólogo, por meio de uma palavra ou de uma letra, decifra uma inscrição perdida, assim também o médico experiente descobrirá, por uma única manifestação, a doença inteira".
Referências bibliográficas
1. FERREIRA, A.B.H. - Novo dicionário da língua
portuguesa, 3.ed. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1999.
2. FERREIRA, A.B.H. - Novo dicionário da língua
portuguesa, 2.ed. Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1986.
3. AULETE, F.J.C., GARCIA, H. - Dicionário contemporâneo
da língua portuguesa, 3.ed. Rio de Janeiro, Ed. Delta, 1980.
4. NASCENTES, A. - Dicionário da língua
portuguesa. Academia Brasileira de Letras, 1961-1967.
5. MICHAELIS - Moderno dicionário da língua
portuguesa. São Paulo, Cia. Melhoramentos, 1998.
6. PINTO, P.A. - Dicionário de termos médicos,
8. ed. Rio de Janeiro, Ed. Científica, 1962.
7. REY, L. - Dicionário de termos técnicos
de medicina e saúde. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan S.A., 1999.
8. CASTRO, F. - Tractado de clinica propedeutica. Rio
de Janeiro, Laemmert & Cia. Ed., 1896, p. 29