SUPRARRENAL, ADRENAL
As glândulas suprarrenais
foram descritas por Eustachius em 1563, sob a denominação
de Glandulae renibus incumbentes. Em 1627 Spigelius
chamou-as de capsulae renales, nome que foi modificado
por Riolan, em 1628, para capsulae suprarenales.
Em 1716 a Academia de Ciências de Bordeaux, França, oferecia
um prêmio a quem respondesse a pergunta: "Qual a função
das glândulas suprarrenais?". A primeira resposta a essa pergunta
só foi dada por Addison, em 1855, ao descrever a doença que
hoje tem o seu nome. Em sua monografia, escrita em inglês, refere-se
a suprarenal capsules.[1]
Oliver e Sharpey-Schaefer,
ao relatarem pela primeira vez, em 1894, a ação fisiológica
do extrato destas glândulas mantiveram a denominação
de suprarenal capsules.[2]
O adjetivo suprarenal,
inicialmente usado para indicar a situação topográfica
das glândulas, foi substantivado, passando a nomear a própria
glândula.
A denominação
de adrenal só começa a aparecer em língua inglesa
a partir de 1875.[3]
O hormônio das suprarrenais,
descrito por Abel em 1899, recebeu, em alemão, o nome de Epinephrin
(do grego epí, sobre + nephrós, rim).[4]
Empregou Abel para a glândula a denominação de Nebenniere,
cuja tradução em português é de cápsula
suprarrenal.[5] O vocábulo com elementos latinos, equivalente
à epinefrina, seria suprarrenalina, que nunca chegou a ser empregado.
Em 1901, Takamine isolou
a epinefrina, a que chamou de adrenalina, embora conservando
no título do seu trabalho a denominação em inglês
de suprarenal gland.[6] O nome de adrenalina firmou-se por
ter sido utilizado mais tarde como marca registrada por um laboratório
farmacêutico.[1]
A duplicidade de nomes
hoje existente para as glândulas decorre, sem dúvida, da disposição
anatômica destas glândulas. O prefixo supra-
expressa a idéia de que as glândulas se colocam sobre ou acima
dos rins, enquanto o prefixo ad- tem um sentido menos preciso
do ponto de vista descritivo-anatômico. Dentre as várias conotações
do prefixo ad- destacam-se as de aproximação,
adição, junção. [7] Adrenal significa,
pois, nada mais que junto ao rim ou próximo ao rim. Os tratados
clássicos de anatomia descrevem as suprarrenais como glândulas
em forma de capacete, de base côncava aplicada sobre a extremidade
superior de cada rim, o que melhor condiz com o nome de suprarrenal.
Dada a influência
que as publicações médicas norte-americanas têm
exercido sobre a linguagem médica não somente em português,
como em outros idiomas, nota-se, ultimamente, tendência ao uso alternativo
de uma ou outra denominação.
Por várias razões
deve ser preservada a forma suprarrenal. As glândulas foram
assim denominadas por vários autores durante nada menos que três
séculos, antes que surgisse o termo adrenal; a denominação
de suprarrenal é mais condizente com disposição
anatômica da glândula no homem, e a Terminologia Anatomica
conserva em latim a denominação de glandula suprarenalis,
[8] que deverá ser traduzida em português por glândula
suprarrenal.
Pedro Pinto refere-se à
adrenal
como
"outro nome, ruim, da suprarrenal".[9]
Antes da Reforma
Ortográfica vigente a partir de 1o. de janeiro de 2009,
escrevia-se supra-renal, com hífen após o prefixo. Pela nova norma, em lugar do prefixo, duplica-se a letra r - suprarrenal.
Referências bibliográficas
1. SKINNER, H.A. - The origin of medical terms, 2.ed.
Baltimore, Williams & Wilkins, 1961, p. 9.
2. OLIVER, G., SHARPEY-SCHAFER, E.A. – The physiological
action of extract of the suprarenal capsules. J. Physiol. 16:1-5; 17:9-14,
1894. Apud MORTON, L.T.: A medical bibliography (Garrison and Morton),
4.ed. London, Gower, 1983..
3. OXFORD ENGLISH DICTIONARY (Shorter), 3.ed. Oxford,
Claredon Press, 1978.
4. ABEL, J.J. – Ueber den blutdruckerregenden Bestandtheil
der Nebenniere, das Epinephrin. Hoppe-Segl Z. physiol. Chem. 28:318-362,
1899. Apud MORTON, L.T.: A medical bibliography (Garrison and Morton),
4.ed. London, Gower, 1983.
5. Dicionário alemão-português. Porto,
Porto Editora, 1996.
6. Takamine, J. The blood-pressure raising principle
of the suprarenal glands. Am. J. Pharmacol. 73: 523-531, 1901. Apud
MORTON,
Leslie T.: A medical bibliography (Garrison and Morton), 4.ed. London,
Gower, 1983.
7. ROMANELLI, R.C. - Os prefixos latinos. Belo Horizonte,
Imp. Univ. Fed. Minas Gerais, 1964, p. 28.
8. FEDERATIVE COMMITTEE ON ANATOMICAL TERMINOLOGY. -
Terminologia anatomica. Stuttgart, Georg Thieme Verlag, 1998.
9. PINTO, P.A. - Dicionário de termos médicos,
8. ed. Rio de Janeiro, Ed. Científica, 1962.
10. NASCENTES, A. - Dicionário da língua
portuguesa. Academia Brasileira de Letras, 1961-1967.
11. AULETE, F.J. C., GARCIA, H. - Dicionário contemporâneo
da língua portuguesa, 3.ed. Rio de Janeiro, Ed. Delta, 1980.
12. BUENO, F.S. - Grande dicionário etimológico-prosódico
da língua portuguesa. São Paulo, Ed. Saraiva, 1963.
13. HOUAISS, A., VILLAR, M.S. – Dicionáio Houaiss
da língua poartuguesa. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001
14. ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS - Vocabulário
ortográfico da língua portuguesa, 3. ed. Rio de Janeiro,
Imprensa Nacional, 1999.