HISTÓRIA DA MEDICINA
PROVIDENCIAL COINCIDÊNCIA NA HISTÓRIA
DO OFIDISMO
Nota de Direito Autoral:
O
texto
deste artigo foi publicado em 2009 no livro "À sombra do
plátano" pela Editora UNIFESP. A reprodução do
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Depois que Émile Roux
demonstrou que a bactéria da difteria, descoberta por Loeffler em
1883, exercia sua ação deletéria por meio de uma exotoxina
absorvida pelos linfáticos da orofaringe, surgiu a idéia
de neutralizar esta toxina por agentes químicos ou biológicos.
Von Behring, depois de exaustivos
experimentos, verificou que o soro de um animal antes inoculado com a toxina
diftérica, produzia a desejada antitoxina, tornando o soro deste
animal capaz de neutralizar doses letais da toxina injetadas em outro animal
não imune. Kitasato, que trabalhava juntamente com Behring nos laboratórios
de Koch, em Berlim, comprovou que o mesmo se passava em relação
ao tétano. Em 1890 ambos assinaram em conjunto um artigo que se
tornou clássico, intitulado "Mecanismo de imunidade em animais à
difteria e ao tétano".
Em 1893 von Behring aplicou
pela primeira vez o soro antidiftérico em humanos, porém
os resultados não foram tão bons quanto se esperava. Contudo,
no ano seguinte já se notava um declínio na mortalidade por
difteria na Alemanha.
Até então,
os animais usados nos experimentos eram a cobaia, carneiro e cabra. Visando
aumentar o teor de antitoxina no soro, ambos tiveram a idéia de
usar um animal de grande porte e passaram a imunizar o cavalo, cujo soro
se mostrou mais eficaz.
Em 1898 já não
havia mais dúvida quanto ao valor da grande descoberta. Em 1901
von Behring recebeu o prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina, o primeiro
a ser concedido pela Fundação Nobel. É de se estranhar
que Kitasato não haja compartilhado dessa premiação.
O processo passou a ser
utilizado no tratamento de outras doenças infecciosas de origem
bacteriana, como a peste bubônica.
Comprovada a possibilidade
de se produzir biologicamente uma antitoxina específica para as
diferentes toxinas bacterianas, nada mais natural do que estender o método
também às toxinas não bacterianas. Foi o que sucedeu
com o veneno das serpentes.
Em 1888, em Saigon, capital
da então possessão francesa, a Indochina, foi fundado um
Instituto para tratamento anti-rábico segundo o método descoberto
por Pasteur. Trabalhando neste Instituto, Albert Calmette, em 1891, um
ano após a publicação das experiências de von
Behring e Kitasato, iniciou pesquisas objetivando a produção
de soro antiofídico, capaz de neutralizar a peçonha das serpentes.
A espécie de serpente
comum na região é a Naja tripudians. Calmette extraiu
o veneno de 19 exemplares, inoculando-o em doses crescentes em animais,
os quais se tornaram resistentes a doses letais do mesmo veneno.
Em 1894, regressando à
França, continuou seus estudos no Instituto Pasteur de Lille, onde
recebia de Saigon grande quantidade de veneno da Naja, suficiente
para inocular grandes animais.
Orientado por Émile
Roux, Calmette produziu um soro muito ativo contra o veneno da Naja,
de ação preventiva e curativa, e que se mostrou igualmente
ativo para outras espécies de serpentes asiáticas.
No Brasil preocupava-se
com o problema do ofidismo um dos mais eminentes personagens dentre os
cientistas que implantaram a pesquisa científica no País:
Vital Brazil Mineiro da Campanha.

Como o seu próprio nome de batismo sugere, nasceu em Campanha, no
Estado de Minas Gerais, no dia de São Vital, 28 de abril de 1865.
Estudou medicina no Rio de Janeiro de 1886 a 1891. Sem o suporte financeiro
da família, teve de custear os seus estudos. Ainda como estudante
prestou concurso para preparador auxiliar da cadeira de Fisiologia, função
que desempenhou até o final do curso e que lhe foi muito proveitosa
em sua formação de futuro pesquisador.
Terminando o curso, transferiu-se
para São Paulo, onde foi admitido no Serviço de Saúde
Pública do Estado, na campanha de combate à febre amarela,
cólera, difteria e varíola. Em 1893 foi nomeado Inspetor
Sanitário, tendo trabalhado em várias cidades do interior
paulista. Na cidade de Descalvado contraiu febre amarela, à qual
sobreviveu com grande risco de vida. Em 1895 chefiou a Comissão
Sanitária de Combate ao Cólera, que grassava no vale do rio
Paranaíba.
Em suas peregrinações
pelo interior, presenciou muitos acidentes ofídicos e começou
a se interessar pelo problema. Deixando o serviço público,
foi clinicar em Botucatu, onde encontrou um velho conhecido seu, Reverendo
Carvalho Braga. Segundo relato do próprio Vital Brazil, o Reverendo
Braga teve influência decisiva na sua carreira futura, quando lhe
falou de várias plantas usadas empiricamente no tratamento das mordeduras
de cobras e o encorajou a estudar este campo. "Segui o conselho do Reverendo",
diz Vital Brazil, "e comecei a estudar as substâncias contidas em
tais plantas".
Neste ínterim, Vital
Brazil tomou conhecimento dos trabalhos de Calmette, na Indochina, e convenceu-se
de que deveria dar novo rumo às suas pesquisas. Como não
poderia desenvolver experimentos de soroterapia e imunologia em Botucatu,
transferiu-se para a capital, São Paulo, onde conseguiu, em julho
de 1897, um lugar de assistente no Instituto Bacteriológico, sob
a direção de Adolfo Lutz.
Lutz permitiu a Vital Brazil
continuar seus estudos sobre ofidismo, agora como parte das atividades
do Instituto. Um ano depois e já ele apresentava ao diretor do Instituto
os primeiros resultados obtidos com o veneno de duas espécies de
serpentes, as mais freqüentes no Brasil: Bothrops jararaca e
Crotalus
terrificus. Esta última espécie é facilmente reconhecida
pela existência do "chocalho" na extremidade da cauda.
Ao contrário de Calmette,
que acreditava que o soro anti-Naja fosse polivalente, servindo
para qualquer espécie de serpente, Vital Brazil defendia a idéia
da especificidade do soro, baseado no fato de que o soro por ele preparado
com o veneno da jararaca, do gênero Bothrops, não neutralizava
o veneno da cascavel, do gênero Crotalus, e vice-versa. Experimentou
ele o soro de Calmette, que se mostrou destituído de ação
contra o veneno das serpentes brasileiras.
Em 1899 ocorreram na cidade
de Santos vários casos de óbitos, atribuídos inicialmente
à febre amarela. Tais casos foram precedidos de uma mortandade nos
ratos, que eram abundantes na região portuária, o que fez
suspeitar de peste bubônica.
Vital Brazil foi encarregado
pelo Instituto Bacteriológico de estudar in loco a natureza
da doença. Em instalações precárias e improvisadas
realizou autópsias, examinou bubões dos doentes e obteve
culturas positivas para o bacilo da peste no sangue e no baço de
ratos infectados. Comprovou, assim, tratar-se realmente de um surto epidêmico
de peste bubônica, que havia entrado no Brasil pelo porto de Santos,
o que foi confirmado por Oswaldo Cruz, designado pelo Governo Federal para
acompanhar os trabalhos.
No contato com os doentes,
Vital Brazil contraiu a peste e por pouco não encerrava ali a sua
carreira. Assim como vencera a febre amarela, no entanto, também
sobreviveu à peste bubônica.
A epidemia estendeu-se a
vários municípios do Estado de São Paulo, ao mesmo
tempo que se registraram casos no Maranhão, Bahia, Rio de Janeiro,
Paraná e Rio Grande do Sul.
O tratamento da peste, na
época, era feito com soro e vacina, e o controle epidemiológico
pela desratização. Tendo em vista a rápida propagação
da peste e dadas as dificuldades de importação de soro e
vacina da Europa, tornou-se necessário e urgente iniciar a fabricação
do soro em nosso País, o que foi feito no Rio de Janeiro por Oswaldo
Cruz, e em São Paulo, por Vital Brazil.
Emílio Ribas, diretor
do Serviço Sanitário do Estado de São Paulo, cônscio
da falta de espaço e de condições no Instituto Bacteriológico
para imunização de cavalos e considerando o temor da população
a um possível contágio pelo bacilo da peste, propôs
ao Governo a criação de um Instituto Soroterápico,
longe do centro da Capital.
Uma Comissão constituída
por Adolfo Lutz, Oswaldo Cruz e Vital Brazil escolheram como local adequado
para instalação do novo Instituto, a fazenda Butantan, distante
9km da Capital, com uma área de 4.000.000 m
2.
A chefia do novo Instituto
foi entregue a Vital Brazil, que ficou responsável pela produção
do soro antipestoso. Um primitivo rancho junto ao estábulo, antes
utilizado para a ordenha de vacas, foi transformado em laboratório
improvisado e ali tiveram início os primeiros trabalhos para a produção
do soro.
Em fevereiro de 1901 o Instituto
foi legalmente oficializado com o nome de Instituto Butantan e Vital Brazil
nomeado seu diretor. Em junho do mesmo ano, o Instituto entregava para
consumo a primeira partida de soro antipestoso, que foi utilizado na epidemia
da cidade de Campos, no Estado do Rio de Janeiro. Foi encarregado de acompanhar
a aplicação do soro o assistente de Vital Brazil, Abdon Petit
Carneiro.
Apesar de todos os contratempos
e dos inesperados acontecimentos que reclamavam a sua participação,
Vital Brazil não desistira das suas investigações
sobre ofidismo e no Instituto Butantan encontrou espaço e ambiente
adequados à continuidade de seu trabalho nesse setor. E tal foi
o seu empenho, que em agosto de 1901 os soros anticrotálico, antibotrópico
e misto foram liberados para uso no homem.
A fim de obter uma quantidade
suficiente de veneno para a produção destes soros, O Instituto
Butantan deflagrou uma campanha, inicialmente no interior do Estado de
São Paulo e, a seguir, em todo o País, de esclarecimento
à população sobre o novo tratamento para mordedura
de cobra, oferecendo o soro em troca de serpentes vivas. Foram dadas instruções
de como as cobras deveriam ser capturadas, acondicionadas em caixas de
madeira e remetidas ao Instituto.

A iniciativa foi bem recebida
e permitiu a instalação de um serpentário no Instituto,
assegurando a obtenção de veneno na quantidade desejada.
Até 1949, o Instituto havia recebido cerca de 500.000 serpentes
entre venenosas e não venenosas, e extraído 51 litros de
veneno. A mortalidade por acidentes ofídicos no País caiu
verticalmente e milhares de vidas foram poupadas na zona rural.
A primeira consagração
ao trabalho de Vital Brazil ocorreu no V Congresso de Medicina e Cirurgia,
realizado no Rio de Janeiro em 1903. Por indicação deste
Congresso, o Governo Federal concedeu-lhe um prêmio e o Governo do
Estado de São Paulo proporcionou-lhe uma viagem de estudos à
Europa, com a duração de um ano.
Regressando ao Brasil em
1905, além da produção dos soros antiofídicos,
iniciou a produção do soro andidiftérico e dedicou-se
ao estudo de outros animais peçonhentos como o escorpião
e as aranhas venenosas.
Em 1910 descobriu que a
muçurana (Cloelia cloelia) só se alimenta de outras
serpentes, sendo imune ao veneno botrópico. Deveria, portanto, ser
preservada em seu habitat natural.
Em 1911 Vital Brazil publicou
um livro de divulgação sobre o ofidismo, intitulado "Defesa
contra o ofidismo", o qual foi traduzido para o francês em edição
ampliada.
Em 1915 Vital Brazil foi
oficialmente convidado a participar de um Congresso Pan-americano em Washington,
no qual discorreu sobre o ofidismo e seu tratamento. Teve a feliz lembrança
de levar consigo algumas amostras dos soros produzidos no Instituto Butantan.
Nesta sua viagem aos Estados
Unidos ocorreu a providencial coincidência referida no título
deste artigo, que iria projetar a medicina brasileira em âmbito internacional
e comprovar o acerto da teoria defendida por Vital Brazil, da especificidade
do soro, senão quanto à espécie, pelo menos quanto
ao gênero das serpentes.
Vamos transcrever a seguir
a narrativa do episódio com suas próprias palavras:
"De volta de Washington,
de pois de encerrado o Congresso o acaso nos forneceu feliz oportunidade
de socorrer, em Ne York, um empregado do Bronx Park, o qual fora ofendido
por uma Crotalus atrox do Texas. Quando fomos procurado no
hotel, pelo Dr. Ditmars, diretor da seção de répteis
daquele Jardim e pelo diretor do Hospital Alemão, onde fora recolhida
a vítima, já eram passadas cerca de 36 horas. Atendendo ao
apelo de auxílio que se nos fazia, encontramos o doente em estado
desanimador; sonolência profunda, da qual saía a custo, respondendo,
com dificuldade, às perguntas que lhe eram dirigidas; pulso filiforme
e extremamente freqüente; membro superior direito extraordinariamente
edemaciado, apresentando seguramente o duplo do seu volume normal; a pelo
de revestimento desse membro apresentava-se cianótica e luzidia,
e no ponto de mordedura, que foi na mão, duas placas negras, onde
se viam duas incisões profundas praticadas pelo cirurgião.
Já haviam empregado o permanganato de potássio e o soro Calmette,
sem
que o estado do doente se modificasse para melhor. Ao contrário,
segundo a observação dos médicos assistentes, os sintomas
de envenenamento haviam seguido uma marcha ascendente. Aconselhamos logo
que fosse aplicado desde logo o soro anticrotálico que havíamos
levado conosco. Esse soro dosava 2,50 mg de veneno de Crotalus terrificus
por centímetro cúbico, dose essa que corresponde a 2.500
mínimas mortais para o pombo. Na falta de um soro especial, que
contivesse anticorpos resultantes do veneno da espécie determinadora
do acidente, era o único que poderia ter efeito, pois fora obtido
pela imunização contra o veneno de uma espécie do
mesmo gênero. Tivemos, entretanto, o cuidado de prevenir aos médicos
assistentes, de que o resultado não poderia ser garantido, por não
ter ainda experimentado o soro naquela sorte de envenenamento. A ação
do específico não se fez esperar; seis horas após
a sua aplicação, o doente começou a melhorar, e 12
horas depois era considerado livre do perigo."
O episódio foi noticiado
com destaque pela imprensa e divulgado na comunidade científica
internacional, o que lhe valeu o respeito e a consagração
de seu trabalho.
Vital Brazil permaneceu
na direção do Instituto Butantan até 1919, quando,
por razões políticas, afastou-se do cargo, voltando a exercê-lo,
posteriormente, no período de 1924 a 1927.
Sucedeu-o na direção
do Instituto, Afrânio do Amaral, quem deu continuidade à sua
obra. O Instituto Butantan expandiu suas atividades e tornou-se uma das
instituições científicas mais importantes e respeitadas
do País no campo da saúde pública.
No período em que
esteve afastado do Instituto Butantan, Vital Brazil fundou em Niterói,
um instituto privado com o seu nome, dedicado a pesquisas e produção
de medicamentos.
Na vida familiar, Vital
Brazil casou-se por duas vezes e deixou numerosa descendência, com
22 filhos. Faleceu aos 85 anos de idade, em sua residência, na cidade
do Rio de Janeiro, no dia 8 de maio de 1950.
Vital Brazil foi um dos
mais eminentes construtores da moderna medicina brasileira, além
de um grande benfeitor da humanidade. Sobre ele e sua obra assim se manifestaram
os mais destacados cientistas de outras nações:
ÉMILE BRUMPT (Fac.
Med. de Paris): "Conhecidos do mundo inteiro, os trabalhos do Dr. Brazil
são particularmente apreciados na França";
A. CALMETTE (Instituto
Pasteur, Paris): "A obra científica de Vital Brazil é absolutamente
de primeira ordem. Os seus trabalhos sobre venenos e sobre as soroterapias
salvaram milhares de existências".
ERNST BRESSLAU (Univ.
Köln, Alemanha): "Testemunho a minha admiração pelos
notáveis trabalhos de Vital Brazil, sábio e pesquisador.
O conceito mundial de que goza o Instituto Butantan provém, em não
pequena parte, de sua personalidade".
F. FULLEBORN (Inst. de
Doenças Tropicais de Hamburgo, Alemanha). "Tanto por sua importância
científica quanto prática, me despertaram a maior admiração
os trabalhos do Prof. Vital Brazil, a quem considero pesquisador dos mais
notáveis no domínio da biologia".
RUDOLF KRAUS (Inst. Soroterápico
de Viena): "Creio lícito afirmar que, do ponto de vista da sorologia
e da imunologia, ao lado do Instituto Oswaldo Cruz, o Instituto Butantan,
fundado por Vital Brazil, ocupa o segundo lugar na América do Sul.
Na luta contra o ofidismo, Vital Brazil eqüivale a Oswaldo Cruz na
campanha da febre amarela".
TH. MADSEN (Inst. Soroterápico
de Copenhagen): "A obra executada no Brasil pelo Prof. Vital Brazil e o
seu devotamento provocaram uma unânime admiração."
CHARLES MARTIN (Inst.
Lister, Londres): "Pelas suas pesquisas relativamente aos venenos das serpentes
e de outros animais, o Dr. Brazil, não somente enriqueceu a fisiologia,
como colocou uma valiosa medida terapêutica a serviço da humanidade."
SIMON FLEXNER (Inst.
Rockffeler, New York); "O mundo inteiro está em dívida com
o Dr. Brazil pelas suas pesquisas fundamentais relativamente às
peçonhas e antipeçonhas; os benefícios que resultaram
do Instituto por ele criado são sentidos não somente por
todo o Brasil, mas também em países distantes."
BERNARDO HOUSSAY (Instituto
de Fisiologia, Buenos Aires)? "Vital Brazil é uma glória
sul-americana e seu nome deve ser citado como o de Oswaldo Cruz entre os
que iniciaram a verdadeira ciência imunológica na América
do Sul."
O nome de Vital Brazil tem
sido escrito de duas maneiras: Brazil com z e Brasil
com s. Optamos por Brazil com z porquanto foi
a grafia por ele utilizada em suas publicações.
Convém lembrar que,
ao final do século XIX e início do século XX, o próprio
nome do País escrevia-se tanto com z como com s, o
que levou Medeiros e Albuquerque a dizer: "O Brasil é a única
nação civilizada que não sabe como escrever o próprio
nome". Até Ruy Barbosa usou as duas formas: Brazil com z
em
"Lições das cousas" (1886) e Brasil com s em "Cartas
da Inglaterra" (1896).
Esta incerteza estendia-se
aos meios oficiais e havia moedas cunhadas com z e com s, A
grafia com s foi finalmente oficializada e aceita como definitiva,
tendo contribuído para isso o extenso e exaustivo estudo realizado
por Assis Cintra e publicado em 1920, no qual ele analisa 13 diferentes
hipóteses etimológicas anteriormente aventadas e demonstra
que a palavra brasil, assim como brasa, provêm do alto
alemão bras, que significa fogo, tanto no sentido
material como metafórico.. O vocábulo era usado pelos visigodos
que dominaram a península ibérica após a queda do
Império romano do ocidente, antes da invasão árabe.
Fontes bibliográficas
1. VAZ, E. – Fundamentos da História do Instituto
Butantan. Seu desenvolvimento. São Paulo, 1949.
2. VAZ, E. – Vital Brazil. An. Paul. Med. Cir. 60:347-366,
1950.
3. SILVA JR., M. – O ofidismo no Brasil. Rio de Janeiro,
Ministério da Saúde, 1950.
4. BACELLAR, R.C. – Brazil’s contribution to Tropical
Medicine and Malaria. Rio de Janeiro, 1963, p.107-128.
5. BRANDÃO, J.L. – Vital Brasil. Coleção
"Os homens que mudaram a humanidade". Rio de Janeiro, Ed. Três, 1975
6. CINTRA, F.A. – O nome "Brasil" (com s ou com z?).
São Paulo, edição da Revista do Brasil, 1920, 201
pp.
Joffre M de Rezende
Prof. Emérito da Faculdade de Medicina da Universidade Federal
de Goiás
Membro da Sociedade Brasileira de História
da Medicina
e-mail: pedro@jmrezende.com.br
http://www.jmrezende.com.br
06/10/2004